Mulheres compartilham quais foram as grandes motivações para chegar onde estão e como contribuem para um mercado mais feminino
Ainda há muitos desafios a superar no que diz respeito à representatividade feminina no mercado de trabalho: apenas 34% dos cargos de diretoria e vice-presidência em instituições financeiras no país são ocupados por mulheres, por exemplo, conforme revelado por um levantamento realizado pela consultoria de Recursos Humanos Fesa Group. Mas esse cenário está mudando; elas conseguem encontrar suas forças e motivações em todos os segmentos, a partir das mais variadas experiências de vida, e o resultado dessa versatilidade também transparece nos números.
Ao analisar os setores individualmente, algumas percentagens chamam a atenção. O setor de Recursos Humanos tem 62% de lideranças femininas, seguido de perto por Relações Institucionais e Sustentabilidade, com 57%. Outros departamentos, como Gestão Patrimonial, Jurídica e Financeira, apresentam proporções menores, com 46%, 45% e 40%, respectivamente, e as áreas de inovação, construção, marketing, finanças e tecnologia também mostram sinais de crescimento.
Para celebrar o dia 8 de março, sete líderes de diferentes setores compartilham o que as impulsionou a chegar tão longe. Confira:
Ressignificar dores, como o luto
Luciane Antunes, CGO e fundadora da Carsul, tem uma trajetória marcante: após enfrentar a perda de seu filho em um trágico acidente de trânsito em agosto de 2019, canalizou sua dor em ação e fundou o aplicativo de mobilidade urbana Carsul, em parceria com a plataforma de tecnologia da Gaudium, a Machine. Hoje, ela defende a prudência e o cuidado no transporte de passageiros, uma sensibilidade que evidencia a relevância da representatividade feminina em setores tradicionalmente masculinos.
“Minha jornada na criação da Carsul ilustra não apenas a capacidade das mulheres de prosperar em ambientes de negócios competitivos, mas também a importância de nossa presença, voz e emoções nessas áreas. É fundamental que continuemos a promover a participação feminina em todos os lugares, pois a diversidade de perspectivas impulsiona o crescimento”, comenta a empreendedora.
Construir o caminho para outras mulheres
Apesar de ser um dos setores que mais cresce no Brasil e no mundo, apenas 16% das empresas de tecnologia na América Latina contam com mulheres em cargos seniores, de acordo com o estudo da KPMG e Harvey Nash. O número é maior que a média mundial de 11%, mas ainda mostra a baixa participação feminina no mundo tech. Mas, se elas são naturalmente grandes geradoras de tendências e consomem muita tecnologia, por que representam tão pouco do mercado de trabalho nesse segmento?
Esse questionamento pessoal é o que motiva Daniela Azevedo Torres, head de Customer Success e Performance da Simples Inovação, empresa com foco em modelagem de negócios para o e-commerce. A especialista tomou como missão quebrar estereótipos de gênero e oferecer apoio e oportunidades para que elas busquem formações em tecnologia e explorem as oportunidades do mercado.
“Há uma diferença significativa entre o tanto que consumimos tecnologia e o fato de representarmos menos de 20% dos profissionais de TI no Brasil. Estamos falando de uma área com uma grande desigualdade salarial entre homens e mulheres. É necessário tornar esse mercado mais dinâmico, competitivo, inovador e feminino, especialmente considerando o crescimento exponencial que o mercado de tech experimentou na última década”, pontua.
A representatividade feminina foi justamente o que impulsionou os desejos de Liliane Nogueira, diretora de Marketing & Growth da multinacional brasileira FCamara. Hoje, com quase 20 anos de carreira, ela compreende que ter líderes mulheres contribuiu grandemente para sua trajetória. “Durante minha vida profissional, me deparei com grandes líderes que serviram como inspiração. Com o passar dos anos, esse cenário tem apresentado mudanças significativas, que impactarão o futuro para a inserção de mais de nós nesse universo tech. É um passo que considero fundamental, já que estamos cada vez mais imersas na transformação digital”, diz.