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Fotografia de uma feira de varejo com visitantes. Na imagem há o título do artigo "Cobertura NRF 2023: Retail's Big Show"

Tendências do NRF 2023: o maior evento de varejo do mundo

Em três dias, o maior evento mundial focado no varejo, o NRF Retail’s Big Show, trouxe tendências e oportunidades para o setor em 2023. As novidades foram apresentadas para quase 40 mil pessoas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, entre os dias 15 e 17 de janeiro. Confira a seguir um resumo by FCamara:

1 – Digitalização de processos logísticos 

Na NRF esteve presente a GoShare, empresa que possui uma plataforma para auxiliar os varejistas na otimização da última milha até o destino com o uso de APIs e aprendizado de máquina. A cadeia logística até a casa do consumidor tem uma série de etapas intermediárias que não são visíveis para o cliente final, mas que dependem de organização para processar os pedidos, faturar, separar o produto no estoque e realizar o despacho para o destino.

Entre os centros de distribuição e a chamada última milha existem oportunidades de melhoria do tempo que o produto leva para transitar na rota até o destino. Quanto maior for a adoção de ferramentas avançadas de Analytics para otimizar o roteiro entre os centros de distribuição até o destino entre os diferentes modais de transporte utilizados em cada trecho, maior será o ganho para a operação do varejo com redução de custos significativos.  

2 -  Negociações autônomas entre varejistas e fornecedores via chatbot 

Inteligência artificial no setor de compras do varejo pode trazer ganhos significativos quando associada à tecnologia de chatbots para, com base no conhecimento do negócio e em negociações anteriores, prover recomendações mais assertivas na hora de negociar com fornecedores.

A tecnologia promete alavancar o capital de giro com o uso de descontos progressivos nas compras com pagamentos antecipados ou também ganho de prazo maiores sem desconto, por meio das negociações autônomas.

A empresa Pactum é uma das que oferece tecnologia de chatbot para negociações. Ela mapeia o que é realmente importante para eles, por meio de perguntas, bem como permite ao fornecedor conhecer os termos da negociação antecipadamente e responder no próprio tempo, o que faz sentido quando se trata de grandes volumes a serem comprados e a previsibilidade da receita é necessária para o fornecedor.

Segundo a organização, 68% das empresas fornecedoras abordadas concordaram em negociar assim, resultando em 3% de ganho nos termos das negociações e maior prazo de pagamento médio. 

3 – Aumento contínuo do e-commerce e expectativas em transformação 

O contínuo crescimento do e-commerce com redução das lojas físicas estimula o aumento das compras online. Durante a pandemia, houve a necessidade da mudança brusca para o online e muitos clientes, agora, preferem continuar comprando digitalmente pela conveniência e facilidade. Nos últimos três anos, presenciamos a consolidação do e-commerce com taxas acima de 10% ao ano em várias regiões do planeta.

Dados da Emarketer mostram que o e-commerce global só cresce, com destaque para a China com fatia de quase 50%, enquanto que em outras regiões, como a América Latina e a Índia, o crescimento alcançou taxas superiores a 20% ao ano.

A previsão é de que o comércio eletrônico em 2023 atinja a marca de 6,5 trilhões de dólares. De acordo com Matt Alexander, o CEO da Neighborhood Goods, as experiências na loja em 2023 precisam ser ainda mais envolventes, divertidas e centradas na comunidade. Os varejistas estão fazendo movimentos ousados nesse sentido para conquistar a fidelidade do consumidor.

Para Nick Antoniades, VP de reativações de marketing na HelloFresh, há uma urgência crescente em criar jornadas integradas e totalmente conectadas, ligando a experiência digital do cliente com a experiência na loja. Para isso, a tecnologia está possibilitando conectar dados de marketing com dados de vendas e atendimento ao cliente.

Brad Bae, fundador da Crafted Action e designer de experiência para  uma integração perfeita de experiências digitais e físicas, destacou a enxurrada de telas digitais que habitam nosso mundo “sempre conectado” e, como isso, transformou a maneira como nos comunicamos, aproximando-nos, mas também marginalizando alguns que se sentem isolados, invisíveis ou não ouvidos.

No final das contas, humanos precisam de gente para se sentirem humanos. A tecnologia habilita a combinação perfeita de pontos de contato físicos e digitais no ambiente construído e ela deve ser aproveitada para dar vida ao ser humano. 

4 – Aumento de preços acompanhados de mudança no padrão de consumo 

A inflação deve continuar a impactar os consumidores no mundo, sendo que nos Estados Unidos a inflação nos alimentos desacelerou no último trimestre. Contudo, segundo especialistas do setor de alimentos, ela deve voltar a crescer e trazer consequências para o setor supermercadista em 2023.

Hoje, o consumidor americano já está mais sensível a preço, passando a se preocupar mais com os gastos e itens essenciais. Uma forte tendência por parte dos varejistas é a substituição de marcas premium por marcas próprias de modo a preservar maiores margens. 

Problemas financeiros dos consumidores serão catalisadores de muitas das tendências deste ano. De acordo com Tom Furphy, ex-executivo da Amazon, os compradores vão procurar valor. Mais do que nunca, as pessoas observarão cuidadosamente seus gastos. O possível alívio na inflação como consequência de iniciativas para desacelerar a demanda e reduzir os preços gera incerteza e isso se traduz em clientes mais cuidadosos e exigentes sobre como gastarão dinheiro.

Nesse cenário, a concorrência deve crescer. As mercearias, por exemplo, tendem a enfrentar concorrentes varejistas de outros setores, que encontrarão na venda de alimentos um jeito de ganhar o dinheiro limitado dos compradores. A preocupação em conseguir comprar itens essenciais como mantimentos deve atingir novo nível por parte dos consumidores. Portanto, podem surgir outros canais focados em mantimentos, além dos tradicionais supermercados. 

5 – Eficiência na última milha na entrega, logística reversa e mais comodidade 

A melhoria da eficiência do processo de entrega na última milha, com o uso de pequenos centros de distribuição espalhados geograficamente em locais estratégicos perto de grandes adensamentos urbanos, vem como tendência.  Junto a isso, os varejistas têm buscado redução de custos com o uso de automação de logística reversa, onde ocorre a devolução do produto em um processo com maior grau de automação possível, com a diminuição das etapas intermediárias, para facilitar para o cliente despachar a mercadoria. 

Geralmente, uma má experiência no retorno de um produto é resultado de um processo burocratizado que exige etapas detalhadas e tediosas. Essa dor já está sendo resolvida, por meio de automação de processos no qual o consumidor pode iniciar um procedimento de devolução a partir de um portal na internet. É o caso da ReturnLogic, empresa que oferece uma solução de software para gerenciar devoluções, ajudando as marcas a automatizarem as devoluções e a aumentarem a satisfação do consumidor. 

A tendência é ficar mais comum comprar online e retirar na loja ou na calçada ou comprar online e devolver na loja – esse, inclusive, será o padrão esperado. Além disso, a inteligência artificial (I.A) e a análise avançada de dados transformarão os processos de gerenciamento de estoque complexos em algo “simples” e automático. A I.A também está possibilitando entregas por robôs e drones.

Em linha com essas tendências, empresas como a Impact Analytics – liderada por Prashant Agrawal, ex-consultor sênior do BCG e da McKinsey, ex-colaborador do escritório de Tony Blair e da Fundação Gates na Índia - desenvolveu vários produtos analíticos e baseados em aprendizado de máquina e I.A para os varejistas dos Estados Unidos em preços, promoções, planejamento de estoque e otimização de mercadorias com foco em precisão e automação  conectada a sortimentos direcionados e precisos. 

6 – Otimização de sortimento no varejo 

A restrição de oferta de produtos nas gôndolas no varejo é uma realidade que os varejistas enfrentam quando ocorre o excesso de demanda por determinados itens e choques de oferta por problemas na cadeia de suprimentos.

Epidemias virais, conflitos entre a Rússia e Ucrânia, paralisações imprevistas, dentre outros fatores, tornam essa ruptura ainda mais latente. Plataformas voltadas para sanar esse desafio têm surgido, como é o caso da Hivery, que utiliza um conjunto de variáveis para recomendar as melhores combinações de sortimento e mix de produtos para otimizar o planograma para os diferentes tipos de varejo, maximizando assim a visibilidade dos produtos nas gôndolas para os clientes. 

 7 – Plataformas de alocação de mão de obra para os setores requisitados do varejo 

Com o aumento das vagas sem serem preenchidas em um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, emergem soluções tecnológicas para conectar a demanda por mão de obra qualificada e as vagas nos diferentes setores no varejo. 

A empresa Shiftsmart criou uma plataforma de trabalho flexível que atende a demanda de diferentes tipos de vagas, com turnos variados e duração do contrato de acordo com a necessidade, podendo ser, por exemplo, alocação diária, semanal ou sazonal. Os prestadores de serviço da plataforma podem se candidatar para trabalhar por turnos e para diferentes empresas.

Isso garante um grau de flexibilidade no controle do horário de trabalho que permite ao prestador de serviço programar sua agenda semanal, escolhendo apenas os turnos que lhe são mais convenientes, tudo isso graças ao formato de trabalho remoto. Para os empregadores, o ganho se dá pela elasticidade da demanda que pode ser atendida via plataforma. 

No futuro, a batalha para recrutar talentos atingirá um novo nível. As empresas precisam se certificar que conseguirão reter talentos e capacitá-los para garantir que tenham habilidades necessárias, intensificando a colaboração e a utilização de novos equipamentos tecnológicos e inteligência artificial.

Para Rich Appiah, gerente sênior de sucesso da Slack, o foco da empresa está justamente na busca por mais eficiência, usando automação e fluxos de trabalho para permitir colaboração e produtividade aprimorada, assim como aumentar o envolvimento dos funcionários.

Independentemente, estão surgindo lacunas de habilidades, como alfabetização digital, ciência de dados, metaverso, etc. Por isso, será preciso requalificar a força de trabalho para a 4ª revolução industrial. Tal desafio demandará liderança realmente autêntica e investimento imediato por parte das empresas. 

8- Direct-to-Consumer como tendência para já e Direct-to-Avatar para o futuro 

O Direct-to-Consumer (D2C) é outra tendência, permitindo o aumento da conveniência ao consumidor e o ganho de eficiência na logística. Ela engloba desde a etapa do pedido até a entrega no destino para o cliente e promete melhorar a experiência de compra do consumidor no marketplace. 

Este tipo de solução, além de otimizar a cadeia logística, diminui o tempo de entrega e facilita a vida do cliente. Possibilitada pela integração por APIs com grandes distribuidores, o inventário do varejista pode ser disponibilizado de forma otimizada de acordo com cada região geográfica.

Em linha com essa tendência, a OmniK, empresa da FCamara, oferece uma solução totalmente customizável que permite ao fabricante ter uma visão sistêmica do cliente na ponta, dentro do seu próprio marketplace, oferecendo a facilidade da compra online e a retirada na loja cadastrada mais perto do cliente. 

E tal proximidade é vital para qualquer marketplace. A boa relação com os clientes é o foco de Matt Baer, executivo responsável pela visão estratégica de longo prazo dos negócios digitais da Macy’s, rede de lojas de departamento com uma unidade em Nova Iorque que ocupa um quarteirão inteiro conhecida como “a maior loja do mundo”.

Segundo ele, a diferença entre um mercado online de sucesso e um que falha depende de estratégia para vencer o desafio complexo de alcançar o nível necessário de escala para causar impacto real nos negócios. Quando bem-feito, os marketplaces protegem os varejistas de desequilíbrios de estoque, desbloqueiam novas categorias de maneira lucrativa e aumentam o share of wallet. 

Direct-to-consumer veio para ficar e já se tornou parte do cotidiano. E em um futuro próximo também será popularizado o conceito D2A – Direct to Avatar. Com a mesma comodidade, cada vez mais empresas vão vender para avatares do metaverso em ações com influenciadores para tornar a experiência de personalização e combinação de peças de vestuário exatamente como na vida real, de forma memorável.

AI, 5G, blockchain, realidade aumentada, realidade virtual – essas tecnologias estão potencializando umas às outras. Veremos a evolução da internet e experiências mais imersivas, poderemos testar itens de vestuário como óculos, combinar roupas em avatares que ficarão mais realistas e poderemos participar de reuniões de negócios e entretenimento. Em busca de sua melhor versão, as pessoas também vão testar opções de vidas paralelas no metaverso. Uma revolução está a caminho e as empresas precisam investir nisso.  

9 – Uso de samples como forma de estimular a compra por impulso 

É uma tendência no e-commerce o envio de amostras grátis para os consumidores e a criação de ofertas que estimulem a compra por impulso, com base em experiências mais fluídas, ofertando experiência omnicanal integrada da loja física com o digital. 

10 – Reinvenção de modelos de negócios atuais por novos mais resilientes e alinhados com expectativas vanguardistas 

Para Kate Ancketill, CEO da GDR Creative Intelligence, o custo de vida, as mudanças climáticas, a criptografia, os surtos virais, além das mudanças sociais, demográficas e culturais com tecnologias emergentes são desafios para os modelos de negócios existentes e as empresas precisam se preparar e se adaptar com fluidez em resposta a essas várias formas de disrupção.

Na próxima década crescerá iniciativas de geração de energia de forma autônoma e espalhada por meio de placas solares, por exemplo, atrelada a uma consciência de redução de uso. Já é realidade na Europa catedrais com luzes apagadas e lojas físicas e restaurantes encerrando o expediente antes de anoitecer.
Também deve emergir um consenso a respeito da finitude de recursos e esforços para regeneração inclusiva com economia circular, conserto de equipamentos, reforma de roupas e bens duráveis.

Revitalização de longevidade, uso racional de recursos, menos ostentação, fim dos perecíveis e descartáveis fora de moda em um futuro onde o desperdício será inaceitável. Lado a lado com essa tendência está o esforço crescente do setor de alimentos, a exemplo da Whole Foods Market em que o CEO da empresa, Jason Burechel, revela foco no bem-estar da comunidade e nos sistemas alimentares sustentáveis com agricultura regenerativa, abastecimento responsável e apoio a fornecedores para que evoluam seu padrão de qualidade e minimizem o impacto ambiental.

Tais modelos de negócio serão impulsionados por muita tecnologia e uma nova forma de compreender o consumidor. Na era da dopamina, na qual os humanos ficaram dependentes de recompensas instantâneas graças a likes e vídeos curtíssimos causadores de emoções intensas, os ambientes físicos precisarão proporcionar realidades fantásticas, prazer intenso e experiências levadas às últimas consequências.

Um primeiro passo sendo dado nessa direção são as lojas físicas que já começaram a ensinar novos comportamentos aos seus clientes visitantes, por meio de aplicação de realidade aumentada para que eles possam ver a versão da loja replicada no metaverso com avatares em ação. 

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