Especialistas apontam que empresas devem investir em cibersegurança e experiência personalizada para cada cliente.
A era pós-pandemia apresenta um revés para o e-commerce brasileiro: após um boom nos últimos anos o setor enfrenta uma queda nas vendas no primeiro semestre de 2023. Este cenário desafia o mercado, acostumado ao crescimento acelerado, a adaptar-se a novos hábitos de consumo e realidades comerciais.
Não é mais novidade que a pandemia impulsionou a presença digital da maioria dos consumidores e lojas. Quem antes tinha receio de comprar on-line, durante o lockdown da covid-19 teve que se adequar à nova realidade, e agora até prefere adquirir produtos nos e-commerces.
Para se ter ideia do crescimento, o comércio eletrônico no Brasil movimentou cerca de R$ 450 bilhões entre 2019 e 2022, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O número é quase três vezes maior do que o acumulado no mesmo período entre 2016 a 2019, em que compras on-line movimentaram R$ 178 bilhões.
Segundo o MDIC, os produtos mais vendidos no comércio eletrônico brasileiro são eletrodomésticos, livros e eletroeletrônicos.
Mas, com a flexibilização do uso de máscaras, avanço na vacinação e volta dos consumidores às lojas físicas, o setor começou a sentir, no entanto, uma leve pressão — que não havia no mundo durante a pandemia.
As vendas do e-commerce brasileiro no primeiro semestre de 2023 recuaram 7,3%, em comparação com o mesmo período de 2022, segundo a 48ª edição do Webshoppers, relatório elaborado pela consultoria NIQEbit. A pesquisa aponta consumidores mais cautelosos com relação aos gastos.
Até mesmo a Black Friday, período de promoções e estratégias para atrair clientes, registrou uma queda em relação ao ano anterior. Os dados da Nielsen Iq Ebit mostraram um número de pedidos 16,7% menor do que o registrado em 2022.
Para João Roncati, CEO da People+Strategy, consultoria de estratégia, planejamento e desenvolvimento humano, essa notícia é uma “surpresa negativa” para o setor, que vinha se planejando para um crescimento.
Segundo ele, isso pode ser atribuído a várias características, mas duas delas devem se destacar: primeiro porque o crescimento durante a pandemia foi muito além do que seria sem o confinamento.
“Muitas empresas projetaram uma continuidade de vendas em volume de que não se refletiu igual ao pós-pandemia porque muitas pessoas voltaram a querer passear”, avaliou.
E, em segundo lugar, porque as pessoas mudaram seus hábitos de consumo.
O consumidor depois do lockdown
De acordo com Eric Vieira, head de e-commerce, da multinacional FCamara, o comportamento dos clientes mudou significativamente pós-pandemia, influenciado pelas experiências durante o período de confinamento e pelas transformações no cenário econômico e social.