As tendências ditadas no maior evento de varejo do mundo

Por Gustavo Pisani, diretor de Estratégia Digital do Varejo na FCamara

Em três dias, o maior evento mundial voltado para o varejo, o NRF Retail’s Big Show, trouxe as principais tendências e oportunidades para o setor em 2023. As novidades foram apresentadas para quase 40 mil pessoas, em Nova Iorque, entre os dias 15 a 17.

Acompanhando as últimas edições, pude notar que eles realmente ditam o que é ou não tendência. Afinal de contas, são mais de 100 anos de experiência no ramo. Ao longo do tempo, consigo ver as transformações e tecnologias apresentadas se desenvolverem nas mais diversas empresas.

Antes mesmo de começar o encontro, os organizadores já estavam apostando em experiências digitais de compra, automação de processos e modelos de varejo inovadores como os três tópicos que mais seriam explorados nos meses seguintes. A intenção é ajudar os varejistas a navegar em um mundo cada vez mais pautado pela Big Data, pelos novos meios de pagamento e pela Inteligência Artificial. E, após o evento, pude perceber que falaram bastante sobre a retomada do varejo, onde palestrantes e estandes trouxeram as mais diversas dicas, informações e formas de inovar no setor.

Muito também se falou sobre duas grandes promessas: a tecnologia blockchain, que possibilita democratizar a internet, garantir segurança de dados e personalizar a experiência do usuário, e a tecnologia de Radio Frequency Identification, ou RFID, que possibilita a identificação e rastreamento do fluxo de mercadorias com o uso de microchips, de maneira automática para registro de dados e maior visão computacional, analisando e extraindo informações relevantes de imagens e vídeos para tomadas de decisões.

Dentre as previsões de futuro também esteve em alta previsões ligadas a cashless, contact less, autonomous shopping, social commerce com adesão de cerca de 60% da geração Z por meio das redes sociais durante o ciclo de compra de um produto etc. Mas o fato é que os consumidores estão demandando mais eficiência e racionalização na forma pela qual eles pagam por produtos e serviços, sem usar dinheiro físico, sem inserir cartão, cada vez com mais conveniência e agilidade. Traduzindo para meios de pagamento no cenário brasileiro, é grande a probabilidade de o Pix seguir como  o método preferido para os próximos 10 anos, de acordo com a Carat Insights, pesquisa que revela as expectativas dos consumidores para 2023. Como grandes tendências para o ano, temos também o iniciador de pagamentos, as carteiras digitais e os pagamentos via QR Code.

Cada vez mais, pensamos no consumidor como personagem principal, buscando inovações para complementar experiências e jornadas satisfatórias. Para isso, novas habilidades e competências vêm sendo requisitadas para quem atua na área, com objetivo de atender às expectativas de um público gradualmente mais exigente. Atrelado a isso, a “guerra” por talentos atingirá um novo nível, as empresas precisarão reter talentos como nunca e capacitá-los para garantir que tenham habilidades necessárias do futuro, intensificando a colaboração e utilização de novos equipamentos tecnológicos e inteligência artificial. Estão surgindo gaps de habilidades como alfabetização digital e ciência de dados, metaverso, etc. Será preciso requalificar a força de trabalho para a 4ª revolução industrial. Tal desafio demandará liderança realmente autêntica e investimento imediato por parte das empresas.

Para janeiro e fevereiro de 2023, há projeção de crescimento nominal de 4,7% e 6,4% no varejo, de acordo com o Índice Antecedente de Vendas do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IAV-IDV). Eu acredito que o mercado se prepara para um ano de muitas novidades e transformações. A GoShare, por exemplo, empresa de logística que auxilia os varejistas na otimização dos trajetos com o uso de APIs e aprendizado de máquina, levou seu know how sobre a digitalização de processos. No evento, eles reforçam a importância de ferramentas avançadas de Analytics para tornar mais eficaz o roteiro entre os centros de distribuição e o destino e entre os diferentes modais de transporte utilizados em cada trecho. Sua utilização traz redução significativa de custos, além de melhorar a eficiência do processo de entrega.

Também gostei da abordagem da empresa Pactum, que trouxe a forte tendência das negociações autônomas via chatbot. A inteligência artificial mapeia o que é mais importante para o fornecedor por meio de perguntas previamente selecionadas, trazendo negociações antecipadas, previsibilidade de receita e facilitando a compra e venda de grandes volumes. 

É inevitável, ainda, falarmos do crescimento contínuo do e-commerce, especialmente nos últimos três anos, quando a transformação digital de lojas físicas foi quase obrigatória. Consumidores se adaptam ao modelo digital de compra pela facilidade e conveniência, mas foram grandemente incentivados pela necessidade imposta pelos anos de pandemia. 

Ainda pensando em experiência e agilidade para o consumidor, temos a tendência Grab and Go, sistema de atendimento com automação de caixa. Nele, os produtos já são embalados e deixados prontos para levar, otimizando o tempo dos clientes. Também merece destaque a logística reversa, quando os consumidores solicitam a devolução ou troca de um produto. A ReturnLogic, por exemplo, oferece uma solução de software que faz o gerenciamento de devoluções de forma a ajudar marcas a automatizar esse processo e a aumentar a satisfação do consumidor a partir da solicitação do cliente, de forma automática, melhorando assim a experiência no pós-compra. A automação desse processo traz redução de custos e agilidade, diminuindo as etapas intermediárias para facilitar o despacho da mercadoria por parte do comprador. A tendência é ficar mais comum comprar online e retirar na loja ou na calçada, comprar online e devolver na loja – esse será o padrão esperado. Atrelado a isso, inteligência artificial e análise avançada de dados transformarão processos de gerenciamento de estoque complexos em algo “simples” e automático. A.I também está possibilitando a robôs inteligentes uma automação completa dentro das lojas e armazéns de estoque, incluindo entrega por robôs e drones.

Por fim, e não menos importante, o evento abordou a responsabilidade sustentável, como o crédito de carbono, que tem como objetivo estimular financeiramente empresas que reduzem a emissão de gases do efeito estufa, poluindo menos. 

Foram três dias acompanhando as mais variadas tendências de tecnologia e inovação. Espero vê-las em prática nos próximos meses, trazendo cada vez mais facilidade, redução de custos e melhorias nas jornadas de compra – tudo isso, sem esquecer do bom relacionamento. O protagonista dessa história é mesmo, e sempre, o consumidor. 

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A FCamara é um ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa o futuro de negócios integrando visão estratégica com execução inteligente, lado a lado com seus clientes, para proporcionar experiências transformadoras. Com um time altamente especializado, o grupo atua em Transformação Digital, E-commerce & Marketplace, Inovação, Cloud & Cibersegurança, Open Finance & Open Insurance, Data & Analytics e Marketing Digital, junto aos principais players de varejo, saúde, seguros, mercado financeiro, indústria e outros segmentos. Foi eleita 4 vezes como a Melhor Empresa na categoria de serviços de e-commerce pela ABComm e é líder em soluções digitais, sendo considerada hoje a maior empresa de serviços para e-commerce da América Latina. Hoje, o grupo conta com filiais no Brasil, Portugal e Reino Unido e mais de 1.000 empresas atendidas em sua história. Saiba mais: www.fcamara.com