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Green IT – Impactos da TI nas questões ambientais modernas e seus desafios

Artigo escrito por João Freitas, Arquiteto de soluções no Grupo FCamara

Recentemente um famoso banco digital brasileiro informou ter zerado suas emissões de carbono e apresentou seu apoio a diversas iniciativas ambientais; este fato é louvável e é digno de reconhecimento por parte de toda a sociedade! O frenesi causado por este anúncio nas redes sociais nos abre uma oportunidade para a reflexão: será que temos noção do impacto que temos, individualmente, no desenvolvimento e no consumo de material tecnológico? Muito provavelmente não.

A indústria de TI é responsável, sozinha, por emissões anuais de CO2 em níveis semelhantes às da indústria da aviação – que literalmente queima combustível próximo à atmosfera. A Internet é um dos maiores emissores de gases do efeito estufa na atmosfera.

A indústria de TI é responsável, sozinha, por emissões anuais de CO2 em níveis semelhantes às da indústria da aviação – que literalmente queima combustível próximo à atmosfera. Pesquisas de Harvard concluíram no início da década que cada busca no Google é capaz de liberar até 7 g de gás carbônico na atmosfera; a Google, por sua vez, diz que este valor é de 0,2 g, o que também não pode ser desprezado dada a quantidade de pesquisas sendo realizadas na rede por todo o mundo em um único dia. A Internet é um dos maiores emissores de gases do efeito estufa na atmosfera; somos uma indústria poluidora – emitimos 2% do total de gases do efeito estufa no ano –, mas, diferentemente das demais, não nos damos conta disto e sequer nos preocupamos com isso!

As iniciativas de TI Verde (também conhecida como Green IT ou Green Computing) surgiram nos últimos anos visando a responsabilização social e ambiental das organizações e das pessoas que visam a diminuição das pegadas de carbono, pregando a utilização de tecnologias eco-friendly. Ao abarcar todo o ecossistema de TI – pessoas, processos, dispositivos e mesmo a área de negócios – a TI Verde estabelece práticas sustentáveis com foco nas pessoas, no planeta e no lucro (afinal, somos organizações e precisamos de dinheiro!) através do uso de tecnologias de energia inteligente, ambientalmente corretas, aplicações eficientes (com preocupação aqui no balanço entre carga e capacidade) e em processos inteligentes e sensíveis, como o e-working.

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Embora o hardware costume ser acusado de ser o principal responsável pelas demandas energéticas, os data centers (que têm previsão de demanda energética na ordem de 1,973 bilhões de kWh em 2030, segundo o Greenpeace, e que emitem 150 toneladas de CO2 por ano) representam individualmente apenas 1/4 das necessidades de energia na TI. As redes (e aqui entra o tráfego de dados na Internet) representam outros 25%, enquanto a manufatura de tecnologia demanda os outros 50%.

No papel de usuários ações simples são capazes de minimizar nosso impacto: o tráfego de dados na rede é diminuído pela desabilitação dos serviços de geolocalização no celular, pelo cancelamento de subscrição de e-mails de notícias que nunca lemos e até mesmo pela remoção de destinatários desnecessários em cópia das nossas mensagens; qualquer ação capaz de diminuir o número de dados trafegando desnecessariamente é de grande valia para o ambiente.

São 34 bilhões os dispositivos conectados à rede mundial, contra apenas 1,2 bilhões de automóveis no mundo. O impacto das pequenas ações toma proporções muito grandes em um cenário como este.

Individualmente o impacto é pequeno, porém, somos 4 bilhões de usuários ativos na Internet e são 34 bilhões os dispositivos conectados à rede mundial (os automóveis são apenas 1,2 bilhões!). Na maior parte do tempo nossos dispositivos estão ligados e estão ociosos – garanto que seu WiFi fica ativado no celular mesmo durante a noite, e que você já deixou seu celular com a playlist de reprodução automática ativada mesmo sem estar próximo ao smartphone.

Tecnologias de edge computing são extremamente favoráveis para o ambiente e deveriam ser incentivadas

No papel de profissionais da TI, preocupações como a eficiência dos algoritmos, que diminuem as necessidades computacionais, são capazes de diminuir muito nossa pegada de carbono. A alocação eficiente de recursos (como a execução de rotinas em ambiente com as capacidades adequadas), a utilização de tecnologias de virtualização (que permitem a utilização de recursos computacionais de forma compartilhada) e a utilização de um Servidor de Terminais juntamente com clientes magros (que podem ser capazes de diminuir em até 1/8 as necessidades energéticas) impactam positivamente as práticas ambientais. A computação em nuvem, apesar de aumentar o tráfego de rede, possui capacidades computacionais adequadas e permite a criação de infraestruturas ecologicamente corretas e eficientes. Mais recentes, as tecnologias de edge computing também são extremamente favoráveis para o ambiente e deveriam ser incentivadas, além de melhorar a própria experiência do usuário, por aumentar a eficiência dos serviços, reduzindo latências.

Ao pensarmos nos resíduos gerados pela tecnologia temos a figura do e-waste, que gera 5% da massa de lixo sólido em um ano e cuja porcentagem de reciclagem é de apenas 13% (os outros 87% são descartados incorretamente e são enviados para aterros em países pobres, liberando metais pesados e poluentes no ambiente). Em 2010, 1 bilhão de computadores foram jogados no lixo; no mesmo ano, a montagem de um servidor de 24 kg consumia 240 kg de combustíveis, 1500 litros de água e produzia 1,8 toneladas de poluição. Isto, para um equipamento a ser utilizado por um período de 3 a 5 anos, apenas.

O ‘Smart/Green ICT Framework’ auxilia na aplicação eficiente de energia inteligente, de técnicas e de tecnologias eco-friendly em toda a organização

Para empresas, a Green IT apresenta o ‘Smart/Green’ ICT Framework, com mote de auxiliar na “aplicação eficiente de energia inteligente, de técnicas e tecnologias eco-friendly em toda a organização”. Ao se basear em 2 pilares (o consumidor e os usuários e serviços de infra) o framework ajuda a mapear e a otimizar o consumo de capacidades de computação organizacional, consumíveis, comunicações, data centers, ambiente de infraestrutura, cloud computing, os ciclos de vida de aquisição até a disposição de dispositivos tecnológicos, a governança ambiental e a criação de um local de trabalho inteligente. Ela traz como vantagens diretas a diminuição de custos em energia, transporte e recursos e diminui a necessidade do uso de equipamentos.

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Organizações mundiais como a Green Grid, a GCSI, a GeSI e a Green Comm Challenge, por exemplo, vêm se estabelecendo com o fim de definir práticas e métricas para medição dos impactos das novas tecnologias em sustentabilidade e para promover o desenvolvimento sustentável em TI. Outras, se dedicam ao combate ao greenwashing – práticas de propaganda enganosa adotadas por empresas para passarem a imagem de serem preocupadas com o ambiente por meio de rótulos e propagandas.

E você e sua empresa, como vêm lidando com as questões da TI Verde? Venha bater um papo com a gente sobre isto!

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