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IoT ou IIoT? Qual a diferença na prática?

Faz alguns anos que ouvimos falar de algumas siglas que mais parecem sopa de letrinhas, como IoT, AI, M2M, RPA, AR, VR, Blockchain, mas que na verdade escondem uma verdadeira revolução na forma das empresas trabalharem seus processos de negócio.

E parte dessa revolução se deve à chamada Internet das Coisas (IoT), onde dispositivos conectados na Internet podem processar informações do ambiente e responder de forma inteligente ao contexto, atuando de forma responsiva e automatizada a eventos e variações de condições do ambiente. 

O que diferencia a IIoT (Industrial Internet of Things) da IoT tradicional é basicamente seu foco na Indústria 4.0 e suas aplicações com o uso de sensores inteligentes em setores como Agroindústria, Serviços Essenciais como Eletricidade, Água, Gás, Healthcare, Transporte, Smart Cities, Automação Industrial. Enquanto o escopo da IoT tradicional é mais voltada para o mercado de consumo como dispositivos vestíveis (wearables), TVs conectadas, smartphones, dispositivos inteligentes (gadgets), automação residencial,  monitoramento e segurança residencial.

A chamada IIoT (Internet das Coisas Industrial) faz uso intensivo de sensores para a telemetria, ou seja, para o monitoramento e a operação remota de dispositivos conectados à Internet. 

Podemos entender a Internet das Coisas na Indústria como dividida em duas fases, uma na ponta chamada de Edge Computing, onde se concentram os vários dispositivos com sensores incorporados e que podem executar algum processamento que requer menor tempo de resposta, para posterior envio desse volume de informações acumulado para a Nuvem onde haverá a fusão dessas informações de maneira agregada e o processamento com a utilização da Inteligência Artificial, que possibilita identificar padrões nos dados e a ter uma visão integral e sistêmica do cenário de negócios e dos diferentes contextos associados a eles, o que permite uma melhor tomada de decisão com maior precisão e eficácia.

Dessa forma, o uso de sensores tem achado nichos de aplicações dos mais variados, na indústria, por exemplo, podem ser usados na forma de Beacons para o monitoramento do fluxo de pessoas, para a construção da jornada dos profissionais da fábrica e através dessas informações geradas reorganizar o layout da fábrica. Outro cenário de uso de Beacons, é no rastreio de ativos como mercadorias em estoque por exemplo, que muitas vezes são acondicionadas e transportadas em paletes em grandes galpões de logística por exemplo. 

O uso de sensores tem encontrado aplicações para atividades de monitoramento que normalmente demandam o controle manual e que por isso estão sujeitos a erros de mensuração por falha humana.

Telemetria na Indústria de Alimentos

A comunicação possibilitada entre dispositivos com o uso de sensores, que respondem a eventos do ambiente também é chamada de comunicação M2M (Machine-to-Machine), sendo que a expansão das redes celulares e de tecnologia sem fio possibilitaram seu uso de forma escalonada no setor industrial. 

A telemetria na Indústria ocorre pela automação do monitoramento por meio de sensores que são capazes de medir e acompanhar diversas métricas distintas, como por exemplo valores de umidade, temperatura, vibrações, nível de ruído, luminosidade, consumo de energia, qualidade do ar (…) e sua evolução no tempo. 

Essas métricas são de vital importância para por exemplo, ambientes monitorados que exigem uma termoestabilidade, onde qualquer variação brusca de temperatura pode colocar em risco o estoque de produtos no local.

Quando um evento é detectado, e um limiar de um indicador pré-definido é ultrapassado dentro de faixas de segurança, ações pré-determinadas podem entrar em vigor afim de corrigir qualquer desvio do considerado adequado para a métrica em questão. 

No caso, ao modificar o processo de controle e checagem de temperatura para monitorar o funcionamento de freezers e geladeiras, se racionaliza a utilização de mão-de-obra nesses setores com a redução de custos, visto que ao invés de manter profissionais dedicados para realizar esses controles de forma manual, esses profissionais podem ser alocados para exercerem atividades de maior valor agregado para o negócio.

O processamento das métricas e dos eventos relacionados com sua evolução no tempo, geralmente ocorrem na nuvem, de forma agregada utilizando de algoritmos estatísticos para a detecção de anomalias, sendo em casos especiais, onde menor tempo de resposta é necessário, o processamento ocorrendo na ponta de forma distribuída.

A automação com utilização de tecnologia de comunicação sem fio possibilita ainda que esse controle seja estendido e que, até mesmo de forma remota, possam ser acompanhadas por meio de uma plataforma digital online, as ações de mitigação corretivas para se garantir o restabelecimento dos indicadores críticos dentro de faixas de segurança adequadas. 

IIoT na Agroindústria e nos Serviços Essenciais

Um setor que tem se beneficiado da adoção da IIoT é a Agroindústria que tem utilizado para fins de agricultura de precisão para otimização do rendimento das colheitas para cada tipo de solo e clima, com ações focadas por exemplo na predição climática, irrigação inteligente, uso de drones inteligentes para sensoriamento remoto e dispositivos de visão computacional para a otimização de aplicação de pesticidas.  

Dessa forma, em uma única solução de alta disponibilidade disponível na Internet, os gestores e os responsáveis técnicos poderão ter acesso de onde estiverem a uma interface de consulta por meio de tablets, notebooks ou mesmo de seus smartphones, o que permite ainda maior agilidade na tomada de decisões gerenciais e de ações de mitigação e corretivas pelo corpo técnico, visando obter a máxima eficácia e assertividade no processo.

Para organizações que necessitem o acompanhamento por telemetria de diferentes localidades, o potencial ganho de eficiência e eficácia é ainda maior, com a solução podendo ser escalada para o acompanhamento remoto de diferentes setores e ao se utilizar avançadas soluções de análise de dados de Inteligência Artificial com Analytics e Big Data.

E em casos de aplicação da IIoT que envolvem por exemplo a utilização de Serviços Essenciais (água, energia, gás, etc), quaisquer desvios de indicadores podem ter consequências perigosas para a segurança física dos trabalhadores, por isso que são consideradas aplicações que exigem o monitoramento contínuo em tempo quase real, tanto no processo de captura quanto o processamento dos dados, fazendo além do uso da coleta e processamento distribuído nas pontas,  de modo a se obter um processo mais eficiente e responsivo.

Assim, a utilização de uma plataforma na “nuvem” onde os dados após serem processados na ponta são enviados para processamento posterior permitem uma visão integrada de todo o processo com a geração de insights acionáveis, e o diagnóstico ágil das diferentes situações em todos os ambientes numa única plataforma de consulta.

Por Renato Azevedo Sant Anna, Digital Business no Grupo FCamara

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