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Nada se cria, tudo se copia? Empreender no Brasil com criatividade

Há muito mais de uma década, o palestrante e professor de criatividade Murilo Gun lançou um serviço online para pedir delivery de comida. Naquela época, muita gente ainda usava internet discada no Brasil, a banda larga ainda não era tão ampla e o Murilo conta em suas palestras que a sua invenção – o primeiro Ifood do Brasil, vamos combinar – não deu certo. Perto da chegada de 2020 e com dezenas de possibilidades de pedir um carro, um sanduíche ou uma faxina pelo celular, é preciso falar sobre o mercado brasileiro, fonte de criatividade e seu timing.

No mundo do empreendedorismo, há uma expressão para o espelhamento de negócios: copycat. E se no passado as pessoas viajavam para o exterior e traziam na bagagem ideias e modelos de negócio, hoje em dia, em uma rápida busca pela internet, é possível encontrar novos serviços e produtos que podem inspirar o empreendedor. E isso tem funcionado. Praticamente todos os aplicativos mais acessados do seu celular ou foram criados fora do país ou partem desse mesmo princípio de “espelhamento”. Mas há, aqui, uma outra oportunidade: a de construir pontes e novas perspectivas a partir do comportamento do brasileiro. 

Somos um país continental, com infinitos problemas que precisam ser resolvidos. Por exemplo, você já se deu conta que é preciso imprimir as passagens de ônibus na rodoviária, ainda em 2019? Há aqui uma questão de segurança e conferência de impostos, mas também poucas empresas no mercado dispostas a resolverem a questão. Apenas na rodoviária do Tietê, por exemplo, mais de 60 mil pessoas transitam todos os dias. 

Mas isso vai além, pode ser escalado para nano-negócios, que sempre nos ensinam bastante sobre criatividade. Quem nunca se deparou com um marketing de pequeno varejo impactante? E aquele inbound marketing caseiro, em que o dono do boteco ou a dona da loja de roupa faz uma lista de transmissão de Whatsapp e convence sua clientela a consumir mais?

Acredito que um negócio pode surgir de uma conversa. Por isso, talvez, as pessoas que estejam mais perto do seu público, mais abertas ao diálogo, consigam atingir espaços mais relevantes no cotidiano do outro. O Starbucks, por exemplo, vende café ou uma experiência? O AirBnB vende serviço de aluguel de apartamentos? Tem certeza?

É preciso desdobrar a criatividade em praticidade, em pontos tangíveis. O que as pessoas do metrô da Sé precisam? Como um dos maiores hospitais do país pode acelerar seu atendimento? O que fazer para que grandes empresas estimulem seus funcionários a contribuírem com o modelo de negócio?

Se nada se cria e tudo se copia, que estejamos com as antenas ligadas ao que está ao nosso redor. Que a gente se inspire no Vale do Silício e também no Seu Zé, do nosso bairro. A oportunidade de gerar demanda está falando, todos os dias, com a gente. 

Porém, o mais difícil de entender é o timing da criação de determinados negócios, muitas vezes a tecnologia, o mercado ou até mesmo a sociedade podem não estar preparadas para  a inovação. Além do exemplo do Murilo Gun mencionado acima, o que dizer do clássico carro elétrico da Gurgel que surgiu nos anos 70? O Brasil possui empreendedores e negócios de enorme potencial que são suprimidos pelo timing mas o cenário está mudando pois a sociedade brasileira está mudando. A gente só precisa resolver enxergar isso.


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