O que acontece quando um software não entrega o que deveria? Pesquisas citadas pela Auditeste…

Subproduto: transformando o descarte em valor estratégico
Em uma operação empresarial, é comum que o foco esteja nos produtos principais, aqueles que são desenvolvidos e entregues de fato ao cliente final. No entanto, ao longo desse processo, outros elementos também são gerados: os subprodutos, ou by products, que muitas vezes passam despercebidos ou são simplesmente descartados.
Reconhecer o valor estratégico desses “materiais secundários” pode abrir caminho para novas fontes de receita, redução de desperdícios e práticas mais sustentáveis. Seja na indústria, no varejo ou nos serviços, os subprodutos representam uma oportunidade concreta de inovação com o que já existe na operação.
Para quem está à frente da área de Novos Negócios, saber como identificar, processar e monetizar um by product pode ser o gatilho para explorar novos mercados, ampliar margens e gerar diferenciais competitivos difíceis de copiar.
Quer ver isso na prática? Continue a leitura e descubra o que são subprodutos e como transformá-los em vantagem competitiva.
O que é considerado subproduto?
Um subproduto, ou by product, é um item secundário gerado de forma incidental durante o processo de desenvolvimento de um produto principal. Ele não é o objetivo principal da operação, mas possui valor econômico ou utilidade prática.
Por exemplo: o famoso whey protein é derivado do soro do leite, que é um subproduto líquido da produção de queijo.
Um by product, portanto, é um item que deixa de ser visto como desperdício e passa a ser encarado como matéria‑prima potencial, seja para reutilização interna, venda ou criação de novas linhas de negócio.
Qual a diferença entre subproduto, coproduto e resíduo?
Como dá para imaginar, subproduto, coproduto e resíduo são conceitos diferentes. E compreender essas diferenças, portanto, pode abrir novas oportunidades de inovação e geração de receita.
Entenda também: como sair do ciclo de POCs (prova de conceito) sem resultado.
Subproduto (by product)
É um material gerado de forma não intencional durante a produção de um item principal. Apesar de não ser o objetivo do processo, pode ter valor econômico, sendo reaproveitado internamente, comercializado ou transformado em um novo produto.
- Exemplo: na indústria moveleira, a serragem de madeira gerada durante o corte das peças é um subproduto reaproveitado na fabricação de MDF, pellets de biomassa ou compostos para jardinagem, gerando receita com o que antes era descartado.
- Valor: possui utilidade ou valor comercial, mesmo que limitado.
- Ponto-chave: surge como consequência natural do processo, mas tem potencial para ser explorado estrategicamente.
Coproduto (co-product)
Diferentemente do subproduto, o coproduto é gerado de forma intencional junto ao produto principal. Ambos têm valor similar ou complementar e são planejados como parte da estratégia produtiva.
- Exemplo: na indústria de soja, o óleo e o farelo são coprodutos, ou seja, ambos são produzidos com finalidade e valor definidos.
- Valor: alto valor econômico; já nasce com mercado e uso previstos.
- Ponto-chave: não há um produto “principal” e outro “secundário”, todos são valorizados.
Resíduo (waste)
É tudo aquilo que sobra do processo produtivo e não possui valor comercial ou possibilidade imediata de reaproveitamento. O resíduo precisa ser descartado, tratado ou destinado adequadamente, o que normalmente gera custos operacionais e ambientais.
- Exemplo: restos orgânicos contaminados, embalagens não recicláveis, lodo industrial sem uso.
- Valor: nenhum. É custo, e não ativo.
- Ponto-chave: ao contrário do subproduto, o resíduo não pode ser monetizado (a não ser que passe por transformações adicionais complexas).
Exemplos de subprodutos
Os subprodutos estão presentes em diferentes setores da economia e, conforme dissemos, são uma oportunidade de gerar receita, reduzir desperdícios e inovar. Confira, a seguir, alguns exemplos.
1. Indústria de carnes
De acordo com a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA), o setor de reciclagem animal brasileiro recolhe, anualmente, cerca de 13 milhões de toneladas de resíduos da indústria da carne. Desse total, aproximadamente 5,9 milhões de toneladas são transformadas em farinhas e gorduras de alto valor nutricional, utilizadas principalmente na produção de rações.
Esses derivados são exportados para 68 países, incluindo mercados com altos padrões de qualidade, como Ásia, África, América Latina e Oriente Médio.
2. Agroindústria sucroenergética
Na produção de açúcar e etanol, subprodutos como o bagaço da cana-de-açúcar e a vinhaça são amplamente reaproveitados. O bagaço é amplamente utilizado na cogeração de energia elétrica. Segundo a Embrapa, ao ser queimado em caldeiras, ele gera vapor que aciona turbinas conectadas a geradores, produzindo eletricidade de forma eficiente e sustentável .
Além disso, dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) indicam que, em 2023, o bagaço e a palha da cana foram os principais combustíveis na geração de bioeletricidade para a rede elétrica brasileira, com um crescimento de 14% em relação ao ano anterior.
Já a vinhaça é rica em nutrientes e costuma ser utilizada como fertilizante na cultura da cana-de-açúcar. Sua utilização, de acordo com a Embrapa, contribui para a sustentabilidade da produção agrícola, reduzindo a dependência de fertilizantes químicos e promovendo a economia circular.
3. Tecnologia
No setor tecnológico, a reciclagem de equipamentos eletrônicos pode gerar subprodutos valiosos, como ouro, prata, cobre e plásticos, reutilizados na fabricação de novos componentes ou produtos.
Em 2021, a Apple reciclou globalmente mais de 38 mil toneladas de resíduos eletrônicos, recuperando substancialmente cobalto, ouro, cobre e outros metais críticos. A gigante utiliza robôs como Daisy e Dave para desmontar dispositivos com alta precisão, permitindo a extração eficiente desses materiais e demonstrando como a inovação tecnológica é capaz de transformar resíduos em ativos estratégicos.
Leia também: Impactos da Inteligência Artificial nos negócios.
5 vantagens dos subprodutos para a saúde financeira e a sustentabilidade de um negócio
Conforme falamos, os subprodutos podem ser fontes estratégicas de valor. Quando bem gerenciados, eles impulsionam a eficiência, abrem novas oportunidades de receita e fortalecem o posicionamento sustentável da empresa.
A seguir, conheça cinco benefícios concretos que o reaproveitamento de subprodutos pode proporcionar.
1. Geração de novas receitas
Ao identificar potenciais de reaproveitamento e agregar valor aos subprodutos, as empresas têm a chance de criar novas linhas de produtos ou até mesmo explorar mercados ainda não trabalhados.
Um resíduo pode virar matéria-prima para outro setor, ou até um novo produto com proposta única. Isso representa uma oportunidade real de diversificar as fontes de receita com o que já está sendo produzido, só que até então descartado.
2. Redução de custos
Reutilizar subprodutos reduz significativamente os custos com descarte, transporte e tratamento de resíduos.
Além disso, esses materiais são capazes de substituir ou complementar matérias-primas convencionais, diminuindo despesas operacionais. Essa eficiência no uso de recursos impacta diretamente a margem de lucro e a sustentabilidade financeira da operação.
3. Sustentabilidade e branding
Incorporar subprodutos à estratégia da corporação reforça o compromisso com a sustentabilidade e a economia circular.
Marcas que demonstram responsabilidade ambiental tendem a ganhar mais confiança, fidelização e espaço no mercado, gerando valor intangível com efeitos concretos nas vendas e na reputação.
4. Inovação e desenvolvimento de novos produtos
Buscar novos usos para subprodutos estimula a criatividade e a inovação disruptiva dentro das equipes. Muitas vezes, a solução para um problema ou a ideia para um novo produto está justamente no que antes era considerado sobra.
Seguindo os princípios da Lean Startup, é possível testar essas ideias de forma ágil e com baixo risco, criando um MVP (Produto Mínimo Viável) para validar o potencial de mercado antes de escalar. Essa mentalidade de experimentação e reinvenção pode colocar o negócio à frente da concorrência e abrir novas possibilidades tecnológicas e comerciais.
5. Otimização de processos
Trabalhar com subprodutos exige uma análise mais atenta dos fluxos produtivos, o que incentiva melhorias contínuas.
Ao aplicar os princípios da metodologia lean, por exemplo, as empresas conseguem mapear desperdícios, identificar oportunidades de reaproveitamento e promover ajustes que aumentam o controle, a eficiência e a performance operacional.
Exemplos de receita gerada com subprodutos
Empresas de diferentes setores estão descobrindo o potencial dos subprodutos. Com investimento em tecnologia, inteligência de mercado e inovações de processos, muitos negócios estão não apenas reduzindo desperdícios, como também abrindo novas frentes de atuação e diversificando o faturamento.
A seguir, conheça alguns exemplos disso.
Suzano e Melhoramentos: fibra de celulose para aplicações especiais
Gigantes do setor de papel e celulose, a Suzano e a Melhoramentos são exemplos de como os subprodutos podem gerar novas linhas de receita.
Maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto, a Suzano transformou fibras secundárias e lignina (subprodutos da produção de celulose) em bioprodutos de alto valor agregado: a celulose microfibrilada (Biofiber®) e a lignina kraft (Ecolig®). Ambos são utilizados em uma variedade de aplicações em cosméticos, têxteis, produtos químicos e embalagens sustentáveis.
Já a Melhoramentos investiu R$ 40 milhões na implantação de uma fábrica de embalagens compostáveis em escala industrial, utilizando fibra de celulose como matéria-prima. Esse material, originado de subprodutos da produção industrial, agora dá origem a embalagens que substituem o plástico de uso único, com tecnologia exclusiva de barreira e compostabilidade em até 75 dias.
A viabilização desse projeto contou com o apoio da Play Studio, consultoria de inovação da FCamara, que ajudou a Melhoramentos a reimaginar seu negócio com visão de futuro e execução prática. Baixe o case completo e veja como transformar desafios em oportunidades de crescimento.
O trabalho envolveu a realização de uma investigação aprofundada para mapear o mercado e explorar novas formas de agregar valor à principal matéria-prima da empresa. A partir desses insights, foi possível definir o caminho mais promissor, que envolveu uma reestruturação do modelo de negócios e a formulação de uma estratégia Go-to-Market.
Essa colaboração resultou em um investimento inicial de R$ 40 milhões com apoio da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), na criação de uma diretoria de inovação e novos negócios e numa projeção de geração de valor mais de 10 vezes superior ao modelo anterior.
Não à toa, o projeto foi reconhecido em premiações de destaque, como o Prêmio Embanews 2025, nas categorias Inovação e Sustentabilidade, e o GT Innovation Summit, na categoria Impacto Social e Ambiental.
Indústria de laticínios: soro do leite em bebidas e suplementos
O soro do leite, subproduto abundante da produção de queijos, deixou de ser visto como resíduo para se tornar um recurso altamente demandado.
Conforme mencionamos, um dos principais usos desse by product é na produção de suplementos proteicos (whey protein), assim como de iogurtes líquidos, bebidas funcionais e ingredientes industriais como lactose e frações minerais.
Para ilustrar a dimensão econômica dessa transformação: em 2024, o mercado global de whey protein foi estimado em US$ 12,35 bilhões, com projeção de crescimento para US$ 26,71 bilhões até 2033, apresentando um CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de cerca de 8,95%.
Desafios na gestão de subprodutos
Apesar dos exemplos e dos benefícios que abordamos ao longo deste conteúdo, a gestão de subprodutos pode apresentar desafios operacionais, técnicos e de mercado. Entre os mais comuns estão:
Logística
É preciso estruturar processos eficientes de coleta, armazenamento e transporte dos subprodutos, evitando perdas e garantindo agilidade.
A adoção de soluções da Logística 4.0 (com uso de sensores, automação e análise de dados, entre outros recursos, pode tornar essa etapa mais inteligente, conectada e eficaz).
Qualidade
O subproduto precisa manter determinadas características físico-químicas para ser viável em outras aplicações, o que exige controle e monitoramento constantes.
Regulamentação
O reaproveitamento deve seguir normas ambientais, sanitárias e de segurança específicas, o que pode variar conforme o setor e o tipo de subproduto.
Mercado
Encontrar compradores consistentes, dispostos a pagar um bom valor, é essencial para viabilizar financeiramente o reaproveitamento.
Investimento
Adaptar plantas industriais, adquirir equipamentos e desenvolver novos processos demanda capital e planejamento estratégico.
Por isso, contar com parceiros estratégicos faz toda a diferença. A FCamara atua como uma consultoria de inovação especializada na criação de soluções escaláveis, integrando tecnologia, dados, produto, marketing e estratégia para resolver desafios complexos.
A partir de uma visão de ecossistema, ajudamos empresas a identificar oportunidades reais, estruturar operações inteligentes, aplicar tecnologias, além de acelerar o Time to Market de novos produtos com mais consistência e menos risco.
Se o seu negócio busca transformar subprodutos em novas fontes de receita, a FCamara pode ser a parceira ideal para destravar esse potencial com inovação e escala. Entre em contato e saiba mais!

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