Sobre o que estamos falando? O Open Banking inaugura um novo ecossistema de soluções para…
Como será a utilização de dados dos clientes no Open Banking
O Open Banking é um sistema novo de compartilhamento de dados de clientes entre Instituições Financeiras que está sendo implementado gradualmente no Brasil a partir das diretrizes definidas pelo Banco Central, num total de 4 fases. Representa um novo paradigma de um sistema financeiro, que adota um modelo de “dados abertos” a partir do consentimento dos clientes.
A implementação no Brasil, segue o mesmo modelo do Open Banking UK em 2018, num modelo no qual o cliente é dono dos dados e precisa fornecer o consentimento para que seus dados sejam compartilhados com outras instituições e assim poder ter acesso a melhores taxas e serviços customizados.
A partir de 2022, com o Open Banking totalmente implementado, qualquer cliente poderá consultar suas transações e autorizar o compartilhamento com outras instituições que são mais de 1000 instituições já presentes no ecossistema.
Desafios da implementação do Open Banking no Brasil
O grande desafio do Open Banking é o estabelecimento de critérios de padronização de dados comuns a todos, além da implementação dos padrões de segurança para que se viabilizasse o tráfego seguro dos dados, a LGPD no Open Banking também é um ponto importante junto da gestão do consentimento do usuário por cada Instituição Financeira dentro do ecossistema.
Nesse processo, o uso de API’s que permite essa comunicação entre diferentes plataformas, necessita da padronização e da adoção das melhores práticas na forma de disponibilização dos dados e das integrações necessárias para que isso se viabilize. Sendo mandatório seguir as melhores práticas no uso de API’s, no tratamento das informações e das especificações técnicas necessárias de modo a se ter padronização e melhoria de performance, para evitar gargalos no processamento das transações.
Muito da experiência do Open Banking no Reino Unido está servindo de aprendizado e tendo um efeito acelerador para a implementação do modelo de Open Banking no Brasil, que se beneficiou da experiência relacionada aos protocolos de segurança (como o FAPI) para a autenticação e tráfego seguro de dados entre as instituições no ecossistema.
No modelo que está sendo implementado no Brasil, o processo do consentimento e o posterior compartilhamento dos dados, somente ocorre após uma dupla autenticação do cliente, tanto na Instituição “doadora” quanto na Instituição “receptora” dos dados.
Utilizando frameworks de segurança que fazem uso do OpenID Connect permitindo o “login” facilitado em diferentes plataformas, permitindo assim, a interoperabilidade e autenticação segura entre diferentes instituições financeiras. Neste vídeo é possível entender de forma facilitada de como os clientes e as instituições vão utilizar os dados:
Compartilhamento de dados no Open Banking
A ação de compartilhar os dados com outras instituições financeiras deve partir do usuário, no qual a partir da adesão dele ao Open Banking, como “dono” dos dados, escolhe as Instituições Financeiras que podem “receber” os dados. As instituições que são membros do ecossistema do Open Banking, certificam que esse consentimento é verídico, e com isso possibilitam o estímulo do aumento das transações no ecossistema.
Nesse processo, o cliente é beneficiado com a maior diversidade de ofertas para o seu perfil com transparência nas informações, gerando um estimulo para haver o aumento do volume de transações via API’s no ecossistema como um todo e ganho de escala para permitir maior eficiência e redução do custo médio por transação.
A diferenciação será cada vez mais na geração de valor para o cliente, com foco na experiência do cliente, relacionamento, conveniência e na utilidade com base em serviços financeiros sob medida. Os insumos para isso serão justamente a disponibilização via o consentimento pelos clientes do acesso ampliado aos dados (como o histórico de transações, de crédito, etc) a todo o ecossistema do Open Banking, que estimulará a adoção de medidas com foco na retenção do cliente como forma de evitar o churn da base de clientes.
Para a instituição receptora dos dados gerados, a partir do consentimento do usuário para esta transação existe a chance de se ganhar um novo cliente, e no final todos são beneficiados, pois a maior competição estimula um aumento do volume de demandas realizadas e os clientes conseguem obter melhores taxas com uma análise mais acurada do risco de crédito.
Medidas como essas, possibilitam a ampliação da concessão de crédito para pessoas que sem garantias bancárias têm maior dificuldade para a análise de sua situação de crédito, como microempreendedores e a pequenos empresários.
A Fase 3 do Open Banking: Possibilidades para Clientes
As possibilidades de interações, por meio do acesso por API’s entre todos os atores do ecossistema, vai trazer diversas alternativas de monetização do cliente dentro de uma estratégia que estimula o cliente a consumir produtos e serviços de parceiros da Instituição Financeira de origem.
Na fase 3 do Open Banking, que inicia no final do mês de Agosto, a visão 360 graus do cliente permitirá esse acesso maior aos dados, com as Instituições tendo uma visão unificada do cliente dentro do ecossistema. Nesse cenário, os que atuarem como agregadores de dados estarão em posição vantajosa, pela completa visibilidade da situação do cliente perante todos os demais players dentro do ecossistema.
Além disso, muita coisa está por vir, ainda mais com a última fase do Open Banking que permitirá ainda o oferecimento aos clientes serviços como os de apólices de seguro e amplo portfólio de investimentos por diversas instituições financeiras que estimulará o oferecimento de melhores serviços sob medida.
A participação das fintechs no Open Banking
Também é possível analisar a atuação das fintechs nesse cenário, mesmo ainda não sendo obrigatório sua integração ao diretório, mas Fintechs ao atuarem em colaboração com grandes instituições, estendem as possibilidades de inovações e serviços a serem ofertados à população, principalmente aqueles que ainda não estão bancarizados, cuja estimativa é de quase 60 milhões de pessoas.
O microcrédito pode ser uma forma eficiente de inclusão financeira ao se estimular o empréstimo de pequenas quantias, a criação de novos negócios e a formalização de negócios, o que com o tempo acaba também por gerar um histórico de transações de crédito, que forma um histórico para uma análise do perfil de risco deles no processo.
Meios alternativos para análise de crédito também podem ser usados, baseados por exemplo em hábitos de consumo, como contas de valor recorrente como as contas de celular.
Artigo produzido pelo Consultor Renato Azevedo Sant Anna
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